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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

DIA DO ORGULHO HETEROSSEXUAL

Os vereadores paulistanos entraram definitivamente no terreno da galhofa. Criaram o dia do orgulho heterossexual. O PL aprovado é de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM) que o justificou afirmando ser um forma de se manifestar contra os excessos e privilégios da comunidade gay. A data fixada para o “dia do orgulho hétero” é o terceiro domingo de dezembro.
O que eles querem? Que seus eleitores saiam por aí empunhando cartazes e gritando eu sou é homem? Tal como fazia o Ney Matogrosso com seus requebros e trejeitos femininos?
Com muita propriedade, Vinícius disse em uma canção que o homem que diz sou não é, porque quem é mesmo não diz.
Já vi homem gritar para a própria mulher sua qualidade masculina. Ele não sabia que apenas demonstrava o seu machismo.
Sei que o orgulho hétero também se refere às mulheres. Mas, estas já contam com o movimento feminista e ainda lutam para que seus direitos civis e políticos sejam equiparados aos direitos do homem.
O Aurélio diz que orgulho é o sentimento de dignidade pessoal, brio, altivez. É o que um homem ou mulher precisa sentir, não por ser macho ou fêmea, mas sim por seu comportamento digno de um ser humano.
É compreensível que os gays manifestem o seu orgulho e defendam os seus direitos. Tal como as mulheres, foram e ainda são oprimidos, perseguidos, humilhados e assassinados por aqueles que devem estar felizes por agora existir um dia do orgulho hétero.
Como ensinou Aristóteles, “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades”.
É como disse o Professor Túlio Vianna da Faculdade de Direito da UFMG:
“Toda igualdade jurídica tem que ser pensada a partir de uma perspectiva histórica que reconheça as diferenças políticas existentes entre diversos grupos sociais. Há quem historicamente foi dominado e há quem tenha dominado.
Querer dar a estes grupos tratamento idêntico, desprezando a história de opressão de um e a história de luta e resistência de outro é uma aberração jurídica.
Quando um negro usa a camisa “100% negro, com orgulho”, uma leitura histórica da frase traduz: “faço parte de uma etnia que foi oprimida ao longo da história, mas me orgulho dela e luto para que ela tenha os mesmos direitos das demais”.
Quando um branco usa a camisa “100% branco, com orgulho” uma leitura histórica da frase traduz: “sou racista”.
Quando os homossexuais fazem sua “parada do orgulho gay”, eles manifestam-se por respeito a sua orientação sexual. Quando os heterossexuais fazem uma “parada do orgulho hetero” eles manifestam sua intolerância por orientações sexuais diversas.”
Portanto, o dia do orgulho heterossexual é, na verdade, a mais genuína e fascista paranoia homofóbica.

2 comentários:

Aluísio disse...

Eu mesmo sempre fui um homofóbico enrustido. É difícil vencer anos de educação conservadora. Uma das coisas que me fez compreender melhor a realidade homossexual foi o bem realizado filme "MILK". Sugiro a todos.

LACERDA disse...

Também vi o filme e gostei.
Todos nós possuímos aquela porção feminina: o cromossomo X.
Em alguns, ele sobressai e reprime o Y.