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sábado, 29 de novembro de 2014

ABAIXO A REDE GLOBO?

Claro que não! O povo não é bobo...
A Globo é uma das melhores TVs do mundo e ainda tem diversas outras emissoras por assinatura cobrindo o esporte, o entretenimento, a cultura, o jornalismo e tudo o mais. Especializou-se em novelas, mas tem a melhor programação e os melhores artistas da TV aberta que é de graça e de todos. Os principais oriundos de outras TVs que não conseguem segurar os seus talentos. Além das mais belas mulheres.
A Globo é nociva em sua manipulação das mentes mais ingênuas. É verdade, mas tem competência pra ser manipuladora. E as outras TVs abertas?
O que restaria para quem não tem a TV por assinatura?
Como suportar a RedeTV, a Bandeirantes, a CNT, que vendem seus espaços para os pastores que iludem com falsos milagres e manipulam o povo mais humilde e crente?
Resta a Record que pertence à Universal, imita a Globo e, também, compra espaço nas outras para seus falsos milagres. Tô fora!
Fico com o SBT que tem o Sílvio Santos e tem o magistral Chaves.
Escrevo pensando em Roberto Bolaños que, ontem, nos deu adeus no exato momento em que o assistia.
Partiu o nosso moderno Charles Chaplin, mas nos deixou um personagem eterno e clássico como Carlitos: o Chaves. Deixou-nos o criador, ficamos para sempre com a criatura.
Roberto Bolaños – criador, escritor, roteirista, diretor, ator, cantor, músico, compositor – artista completo e figura somente comparável a Charles Chaplin, se foi e nos deixa um legado de humor ingênuo e imortal.
Sou fã incondicional do Chaves e dos outros personagens por ele criados há mais de 40 anos. Principalmente do Chapolin, em cujo nome bastou acrescentar um “o” no Chaplin para demonstrar a sua admiração por quem lhe serviu de modelo.
Agora, algumas curiosidades sobre o garoto do oito.


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A DONA DE MIM

Quando eu largo do sufoco, nem pensar,
Vou correndo feito louco pra encontrar
Aquele olhar de louca a me fitar,
Aquela voz mais rouca a enfeitiçar.
Seu sabor em minha boca é meu jantar...
Parei na sua, é tão linda que dá pena,
É morena, até vestida de freira vive nua.
Ela é minha bandeira, meu amor e meu país...
Me morde e me beija, me afaga, apedreja,
Me diz o que pensa e nem pensa o que diz,
Sorrindo, pedindo bis:
“Vem, me usa, me abusa,
Me arranca esta blusa me faz o que quer.
Vou me sentir mais mulher,
Se não, vou morrer de paixão”.
Ela é doce e faz tão bem...
Sente o amor que finge ter,
Tudo o que diz é prazer...
A seu lado eu perco o sono,
Sinto-me o dono e, amanhece,
Quem me encanta, então, me esquece.
Ah! se ela me desse a esperança de um talvez,
Perderia toda a poupança, 
Pra ser sempre o da vez.
Que importa ser seu emprego
E perder todo o sossego
Gravitando ao seu redor...
Melhor assim, eu sei de cor,
Na tristeza só risada.
Vida airada, um suspense:
Ela é dona de mim,
Alguém que não me pertence,
Que nunca será de ninguém.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A POESIA FUNKEIRA

Depois que sancionaram uma lei estadual que reconheceu o funk como elemento cultural, tornando crime o preconceito contra este absurdo, eu disse aqui que não tenho nada contra o funk, mas sim contra os funkeiros.
Mentira! Sou contra o funk e também sou contra os funkeiros. Menos contra a Anitta.
A postagem é pra mostrar o que seus filhos e filhas adolescentes – ou melhor dizendo: delinquentes – ouvem e cantam (cantam?) nos bailes funks que frequentam.
Já estou envergonhado e arrependido pelo que vou reproduzir. E peço perdão pela postagem.
Mas, vejam a poesia do elemento cultural reconhecido por Lei. Se quiser ouvir - não aconselho - é só seguir os links.
 "De segunda a domingo, nenhum deles se repete. Teoria da Branca de Neve, por que só ter um se eu posso ter sete?"
 "Esses dias eu tava andando de XT, encontrei meu mano Champions e nós viu um corsinha (...) na hora que eu vi recheado de mulher, o Champions vai falar o que ele achou do corsa"
 "É a casa maluca. RÁ! Tem a loira a morena e também a japonesa. É a casa maluca. RÁ! Tem whisky, energético e também tem catuaba" 
Se você conseguiu chegar até aqui e está ainda munido de sua civilidade, por favor, não continue a ler.
 "Peidinho...cheia de ar. A xereca era grande, mas eu bombava forte, e o barulho que fazia era Flok Flok Flok"
 "Tomara que chova, três dias sem parar. Tomara que chova, mas que chova vagina, pra eu deitar na rua e botar meu pau pra cima"
 "Eu sou o mano Maromba, vou pedir com mó respeito: Tira o cu do meu dedo (...) Você deixou ele sujinho, não fez a chuca direito, então, tira o cu do meu dedo"
Perdoem-me.

sábado, 22 de novembro de 2014

A NOVA CUNHADA

Eram três amigas, bonitas, casadas e com filhos pequenos quase da mesma idade. Moravam no mesmo terreno em Jacarepaguá. Uma era casada com o irmão da primeira que era casada com o irmão do marido da terceira. Eram todos, portanto, cunhados ou concunhados.
À tarde, após mandar os filhos para a escola, reuniam-se para jogar conversa fora. Ainda não havia feissibuque, fato que as tornavam amigas muito íntimas, felizes e bem resolvidas.
Havia outra família no mesmo terreno: os pais e um terceiro irmão solteiro que começou namoro firme com uma morena de corpo muito bonito e rosto nem tanto. Chamava-se Carminha e foi muito bem recebida pelas outras três, entrando no grupo para aquele papo vespertino e descontraído.
Em pouco tempo, era outra amiga íntima. Foi quando o irmão solteiro perdeu o emprego e não conseguia trabalho. Pediu, então, ao irmão mais velho para conseguir uma colocação para a namorada.
Carminha não tinha qualquer experiência, seria seu primeiro emprego, mas o irmão – Aloísio - levou-a pra trabalhar com ele e sempre lhe dava carona.
Nas viagens de ida e volta, Carminha contava-lhe as fofocas que ouvira naquelas tardes de alegre bate-papo amigável e despretensioso. Contou-lhe que a sua esposa o considerava o melhor amante do mundo, que sabia fazer uma mulher feliz na cama.
Carminha gostaria de saber se era verdade. “Me leva para um motel”, pediu ela numa segunda-feira na volta para casa.
Aloísio recusou-se: “Mas, você vai casar, não vai? Não posso. De jeito nenhum, Não vou trair meu irmão”.
Na porta de casa, na despedida, Carminha abriu a blusa e mostrou-lhe os seios firmes, perfeitos, morenos, perversamente divinos, ornamentais, dignos de reverência e veneração.
Aloísio não se conteve, tocou-lhe os seios e, arrependido, ordenou-lhe: “Saia do carro, já”.
Em casa, durante o jantar, Celinha – a esposa de Aloísio – um tanto deprimida, fez um pedido que foi quase uma intimação: “Quero colocar silicone nos seios”.
- “O quê que é isso? Gosto de você assim. O que houve contigo? – espantou-se o marido.
Celinha explicou: “É que ontem decidimos comparar nossos seios. Saí perdendo na comparação. Quero ficar com os seios iguais aos da Carminha”.
- “Não tenho dinheiro pra isso. Silicone nem pensar” – opôs-se Aloísio.
Ingênua, Celinha argumentou: “A Carminha tem uma tia enfermeira que aplica silicone baratinho lá em Caxias”.
Discutiram e foram dormir. “Então é isso!”, pensava Aloísio.
Dia seguinte, na carona de ida, Aloísio e Carminha, além do bom-dia, não se falaram. Na volta, Aloísio tomou o caminho da Barra. Parou num local ermo de frente para o mar, no Recreio, e pediu:”Quero ver teus seios novamente”.
Carminha abriu a blusa e mostrou. “Não. Tira a blusa e o sutiã, tira”. Carminha, toda assanhada, tirou tudo. Ficou só de calcinha.
- “Agora, vai para a frente do carro que eu quero iluminar você todinha com o farol”. Carminha foi. Fez pose sensual. Aloísio acendeu o farol alto, iluminando aquele monumento de mulher.
Devagar, Aloísio deu marcha a ré no carro e partiu velozmente pra casa. Carminha ficou seminua na praia escura. Entrou no mar para se esconder.
Ninguém nunca mais soube dela.
Dias depois, desconfiaram que era de Carminha o corpo irreconhecível que surgiu em Grumari. 
Aloísio tinha certeza. Arrependeu-se, pagou o silicone de Celinha e não quis ver como ficaram os seios da mulher.
Suicidou-se.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

NUNCA SE ROUBOU TÃO POUCO

Ricardo Semler, 55, empresário, autor do livro “Virando a própria mesa”, é sócio da Semco Partners. Foi professor visitante da Harvard Law School e professor de MBA no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA).
Hoje, na Folha (aqui), ele publicou um artigo antológico. A Folha diz que não traduz a opinião do jornal, mas como traduz a minha opinião tantas vezes já aqui descrita, eu o reproduzo abaixo.
*
“Nossa empresa deixou de vender equipamentos para a Petrobras nos anos 70. Era impossível vender diretamente sem propina. Tentamos de novo nos anos 80, 90 e até recentemente. Em 40 anos de persistentes tentativas, nada feito.
Não há no mundo dos negócios quem não saiba disso. Nem qualquer um dos 86 mil honrados funcionários que nada ganham com a bandalheira da cúpula.
Os porcentuais caíram, foi só isso que mudou. Até em Paris sabia-se dos "cochons des dix pour cent", os porquinhos que cobravam 10% por fora sobre a totalidade de importação de barris de petróleo em décadas passadas.
Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia. Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$ 1 trilhão –cem vezes mais do que o caso Petrobras– pelos empresários?
Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado daqui. Que fingimento é esse?
Vejo as pessoas vociferarem contra os nordestinos que garantiram a vitória da presidente Dilma Rousseff. Garantir renda para quem sempre foi preterido no desenvolvimento deveria ser motivo de princípio e de orgulho para um bom brasileiro. Tanto faz o partido.
Não sendo petista, e sim tucano, com ficha orgulhosamente assinada por Franco Montoro, Mário Covas, José Serra e FHC, sinto-me à vontade para constatar que essa onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país.
É ingênuo quem acha que poderia ter acontecido com qualquer presidente. Com bandalheiras vastamente maiores, nunca a Polícia Federal teria tido autonomia para prender corruptos cujos tentáculos levam ao próprio governo.
Votei pelo fim de um longo ciclo do PT, porque Dilma e o partido dela enfiaram os pés pelas mãos em termos de postura, aceite do sistema corrupto e políticas econômicas.
Mas Dilma agora lidera a todos nós, e preside o país num momento de muito orgulho e esperança. Deixemos de ser hipócritas e reconheçamos que estamos a andar à frente, e velozmente, neste quesito.
A coisa não para na Petrobras. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas.
O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras.
É lógico que a defesa desses executivos presos vão entrar novamente com habeas corpus, vários deles serão soltos, mas o susto e o passo à frente está dado. Daqui não se volta atrás como país.
A turma global que monitora a corrupção estima que 0,8% do PIB brasileiro é roubado. Esse número já foi de 3,1%, e estimam ter sido na casa de 5% há poucas décadas. O roubo está caindo, mas como a represa da Cantareira, em São Paulo, está a desnudar o volume barrento.
Boa parte sempre foi gasta com os partidos que se alugam por dinheiro vivo, e votos que são comprados no Congresso há décadas. E são os grandes partidos que os brasileiros reconduzem desde sempre.
Cada um de nós tem um dedão na lama. Afinal, quem de nós não aceitou um pagamento sem recibo para médico, deu uma cervejinha para um guarda ou passou escritura de casa por um valor menor?
Deixemos de cinismo. O antídoto contra esse veneno sistêmico é homeopático. Deixemos instalar o processo de cura, que é do país, e não de um partido.

O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas. Não sejamos o volume morto, não permitamos que o barro triunfe novamente. Ninguém precisa ser alertado, cada um de nós sabe o que precisa fazer em vez de resmungar.”

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS

Um caso de polícia que tentam converter em questão político-partidária com o objetivo de desgastar o governo reeleito. Antes, o objetivo foi interferir no processo eleitoral. Não conseguiram.
O Boechat, embora não seja lá flor que se cheire, é quem tem razão.

“Eu ganhei um prêmio Esso em 1989 denunciando roubalheira na Petrobrás... O PSDB não tem autoridade moral pra fingir que não sabe o que é corrupção dentro da Petrobrás porque ela sempre existiu... Quem está na oposição já esteve no poder e essa roubalheira sempre existiu”.
Ricardo Boechat

Antes de 2003, escândalos iguais ou piores não foram divulgados nem investigados como publicou a Veja (aqui). E em 1997, Paulo Francis já tinha denunciado o esquema de roubalheira na Petrobras. A corrupção sempre foi sistêmica e institucionalizada. Os procuradores que respondem pela Operação Lava Jato afirmam que o esquema dura há, no mínimo, 15 anos, ou seja, desde 1999. 
A verdade é que nunca se fez obras em qualquer lugar sem que o contratante levasse propina do contratado.
O Ministério Público confirma um fato insofismável: as investigações de hoje apenas são possíveis em virtude da autonomia e liberdade proporcionadas por Dilma Rousseff à Polícia Federal e ao próprio MP.
A presidenta prometeu que as investigações seriam levadas às últimas consequências e que não sobraria pedra sobre pedra.
Está cumprindo o que prometeu de maneira democrática e sem interferir nas investigações. Como ela afirmou: o Brasil vive hoje um novo tempo no combate à corrupção e aos corruptores
Vamos ver até aonde iremos. Que venha a reforma política com a mudança no sistema de financiamento de campanhas eleitorais.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

EPÍLOGOS

Neste momento desonroso e obsceno para Mangaratiba, apenas uma parte do poema "Epílogos", de Gregório de Mattos, nosso maior poeta satírico que viveu há cerca de 400 anos:


Que falta nesta cidade?.................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha?.........Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.
Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?............Ambição
E o maior desta loucura?............. Usura.
Notável desventura
de um povo néscio e sandeu,
que não sabe que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.
E que justiça a resguarda?..............Bastarda
É grátis distribuída?........................Vendida
Que tem, que a todos assusta?........Injusta.
Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.
A Câmara não acode?.................Não pode
Pois não tem todo o poder?.........Não quer
É que o governo a convence?......Não vence.
Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence.


N.L.: socrócio significa roubalheira e sandeu idiota.

domingo, 16 de novembro de 2014

O GENERAL RUI BARBOSA

Logo após o golpe militar que derrubou a monarquia e expulsou Pedro II do país, Deodoro instituiu o primeiro ministério republicano que prestou juramento perante a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Era o única forma de dar legitimidade ao governo militar. A Câmara foi depois dissolvida devido ao estado de decadência
Deodoro não ficou indeciso na nomeação de seu ministro da fazenda como está a Dilma atualmente. Nomeou Rui Barbosa e, também, lhe deu o posto de general com todos os direitos, soldos e aposentadoria, sem que ele jamais tivesse vestido uma farda.
Pode até parecer que era uma república bolivariana, mas não. Era apenas uma ditadura militar.
Pouco mais de um mês após, um decreto ameaçava jornalistas de oposição, inclusive com fuzilamento, enquanto forças militares fechavam ou empastelavam jornais, agrediam ou prendiam jornalistas.
Ao mesmo tempo, o jornal do general Rui Barbosa – o Diário de Notícias – lisonjeava os militares e senhores absolutos do regime: “O exército tendo tudo nas mãos, deu tudo ao povo - afirmava em um de seus artigos – após alcançar a vitória, depositou nas mãos do povo os destinos da nação, demonstrando não ter ambição alguma”.
Enquanto isso, imperava a censura e a repressão a jornalistas, intelectuais e quaisquer opositores que ousassem levantar a voz contra as decisões do governo.
Deodoro aumentou em 50% o soldo dos militares e conferiu a patente de general a todos os seus ministros, além de promover todos os oficiais envolvidos na conspiração contra a monarquia. O jornalista Eduardo Prado escreveu na época que “O Quinze de Novembro não foi um ato heróico, foi um bom negócio”.
Mas, voltemos ao general Rui Barbosa, como era chamado o nosso primeiro ministro da Fazenda, e a sua roda da fortuna. O livro 1889 tem um capítulo inteiro sobre o tema onde descreve: “Nos primeiros meses de 1890, uma série de editais curiosos começou a aparecer nos jornais do Rio de Janeiro. Anunciavam a criação de bancos, fábricas, empresas de comércio e navegação, projetos de colonização e transporte, ferrovias, companhias telefônicas, hotéis, restaurantes e outros negócios. As pessoas eram convidadas a participar desses empreendimentos na condição de acionistas”.
Com a expansão do crédito fácil, houve a criação no papel de numerosas sociedades anônimas e a intensa especulação com as ações. Havia grande expectativa de lucros astronômicos e a conquista de rápida fortuna.
Quem não tinha dinheiro, fazia um empréstimo bancário a juros baixos e investia nas empresas que estavam sendo criadas. Todos em busca de dinheiro fácil.
O general Barbosa, com o seu projeto, parecia estar erguendo um novo Brasil, uma nação ousada e empreendedora.
Durou poucos meses a expectativa de prosperidade geral. Com o tempo, porém, chegou-se à conclusão de que tudo não passava de uma ciranda financeira. Gerou algumas poucas fortunas e destruiu muitas economias.
A especulação passou para a história com o nome de encilhamento. Uma espécie de pirâmide financeira dos dias atuais estimulada por decreto do general Barbosa sem o conhecimento dos outros ministros.
O general Barbosa havia autorizado a criação de dez novos bancos que poderiam fazer emissões lastreadas em títulos da dívida pública federal. Isto é, os bancos emitiam moeda e o governo federal garantia. A inflação atingiu níveis altíssimos estimulada pela emissão desenfreada de dinheiro sem lastro em ouro.
A maioria dos novos bancos quebrou e o governo teve que honrar o compromisso dos falidos, inclusive com seus empréstimos externos. 
A maioria dos empreendimentos fracassou, muitos deles tratavam-se de um golpe no bolso de quem acreditou no projeto, e o encilhamento do general Barbosa  causou a primeira crise de várias outras no governo levando a desavenças sérias entre os ministros e Deodoro. Chegou-se até ao desafio para um duelo entre Deodoro e Benjamin Constant.
Só mesmo lendo o livro de Laurentino Gomes para entender os diversos meandros deste enredo infeliz cujo roteirista foi o general Rui Barbosa. 
Qualquer que seja o próximo ministro da fazenda da Dilma, ele não será pior nem mais desvairado que aquele primeiro.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

15 DE NOVEMBRO DE 1889

“Conheço os brasileiros, isso não vai dar em nada.”
Afirmava dom Pedro II, reunido com sua família e auxiliares, na tarde daquele dia, enquanto Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva tramavam a queda da monarquia. Em meio à confusão reinante no palácio, dom Pedro II mantinha a calma e tentava tranquilizar a todos afirmando que tudo não passaria de fogo de palha.
Certamente confiava na absoluta lealdade de seu comandante de armas.
O marechal Deodoro era um monarquista convicto. Um ano antes, escrevera uma carta ao sobrinho anti-monarquista, aluno da Escola Militar de Porto Alegre, afirmando: “República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça... Os brasileiros estão e estarão muito mal educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a Monarquia; se mal com ela, pior sem ela”. Em outra carta ao sobrinho, recomendou: “Não te metas em questões republicanas, porquanto República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa; os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltarão educação e respeito”.
Manoel Deodoro da Fonseca, tido atualmente como o fundador da República, não tinha a mais leve inclinação pelo regime que se pretendia fundar. É o que assegura seu biógrafo Raimundo Magalhães Junior, sugerindo que ele se converteu ao projeto republicano forçado pelas circunstâncias, e a contragosto, ao perceber que a mudança de regime se tornara inevitável.
Deodoro voltou da guerra do Paraguai com o peito repleto de medalhas. Promovido a brigadeiro, posto equivalente ao de General na atual hierarquia militar,  foi nomeado comandante de armas da província do Rio Grande do Sul. Lá começaram suas divergências com o estancieiro Gaspar Silveira Martins, também conselheiro imperial e a mais importante figura da política gaúcha.
O historiador Hélio Silva afirma que a briga dos dois tinha origem na disputa por uma formosa mulher: a baronesa de Triunfo, viúva bonita e elegante, fazendeira e filha do general Andrade Neves. Deodoro levou a pior e Silveira Martins conquistou a bela baronesa.
Ao fim da tarde daquele dia, dom Pedro II se convenceu de que era necessário compor um novo ministério. Cometeu o erro de nomear o senador Silveira Martins para comandar a reforma ministerial.
À noite, Deodoro tomou ciência da nomeação. Enfermo, prostrado na cama, parecia não ter forças para sobreviver até o dia seguinte, somente aderiu à mudança do regime na madrugada do dia 16 de novembro.
A notícia da nomeação de Silveira Martins para chefiar o novo ministério de dom Pedro II, na noite de 15 de novembro de 1889, foi o que levou o relutante Deodoro a apoiar os republicanos, assinar a proclamação e tornar-se o primeiro presidente da República.
Pois é, na verdade, devemos a proclamação da República a uma mulher: Maria Adelaide Andrade Neves Meireles, a Baronesa de Triunfo.

N.L.: postagem baseada no livro 1889 de José Laurentino Gomes.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O AUMENTO DA GASOLINA

O Globo publicou um ranking com os preços da gasolina pelo mundo afora.
O Brasil surge em 36º lugar com R$ 3,30 o litro.
Entretanto, paguei hoje apenas R$ 2,999 por litro no posto Luar, na Rio-Santos, entre Itaguaí e Santa Cruz. Lá, até a semana passada, o litro custava R$ 2,949. Houve, portanto, um aumento de apenas 1,67% por litro naquele posto.
O Globo deve ter usado no ranking o preço atual no posto Capixaba em Itacuruçá.

Preços da gasolina (em reais por litro), segundo O Globo


Em 2002, o litro custava R$ 2,25, e foi majorado para apenas R$ 3,00, em 2014. 
Isto é, o salário mínimo de R$ 200,00 comprava 89 litros, em 2002; enquanto, agora, o salário mínimo de R$ 724,00 compra 241 litros.
Se a gasolina subisse de acordo com a inflação do período (IPCA 86,86%), ela custaria hoje R$ 4,20 o litro.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

JUIZ NÃO É DEUS

Afirmou a agente de trânsito Luciana Silva Tamburini – salve ela – que cumpriu seu dever enfrentando a prepotência de um juiz desequilibrado e sem documentos dirigindo um carro sem placas numa blitz. Por isso, foi condenada por outro juiz a pagar cinco mil reais ao colega João Carlos de Souza Corrêa.
Juro que o infeliz não é meu parente e que eu gostaria de ser também condenado por tudo que já disse aqui contra nossos arrogantes e prepotentes juízes.
Foi um ato condenável do juiz em questão, um déspota, casca-grossa e fora-da-lei como tantos outros (leia aqui sobre sua vida pregressa).
Principalmente aqueles que liberam bandidos, humilham policiais e advogados, participam de maracutaias diversas e poucas vezes punidas, além de se considerarem como um demiurgo acima do bem do mal.
Sim, Luciana, aquele juiz não é um deus, tem mais a ver com satanás. 
Um juiz como aquele se considera uma entidade divina que se situa entre Deus e a humanidade, uma criatura intermediária entre a natureza divina e a humana. Um ser iluminado com poderes sobrenaturais que atua com o aval do além, uma deidade subordinada à Divindade Suprema.
Aquele juiz, Luciana, é apenas um demiurgo que, atualmente, possui também um significado pejorativo, designando pessoas que se imaginam acima da Lei e da ordem, donas da verdade, convictas de que tudo podem e que se julgam sempre certas.
Vejo e ouço muita gente ofendendo a todos os políticos, indistintamente, acusando-os de todo o mal que ocorre no país e sem correr qualquer perigo. Mas, ninguém possui a bravura para falar apenas a verdade sobre os juízes corruptos e prepotentes e enfrentar algum deles como você fez.
Você, Luciana, correu perigo: enfrentou o tresloucado tirano. E além disso é bonita. Virou celebridade e, quem sabe, pode até ser capa da Playboy.
Parabéns!  

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

OS "RAECIONÁRIOS"

Eu tinha acabado de completar 18 aninhos quando tomei conhecimento do termo reacionário. Foi a Última Hora, o jornal de Samuel Wainer, que deu o maior destaque ao termo para qualificar aqueles que foram contra a posse de JK.
Os reacionários tentavam impugnar o resultado da eleição que deu a vitória a JK com apenas 35,68% dos votos, em 3 de outubro de 1955. A alegação era de que JK não obteve a maioria absoluta dos votos - embora a Constituição não a exigisse como agora – e tivesse sido eleito por uma diferença de apenas 400 mil votos.
Hoje, os alucinados reacionários voltam aos holofotes querendo repetir uma página infeliz da nossa história democrática.
Agora, são os “raecionários” que, revoltados com a derrota nas urnas, fazem conjeturas sobre fraude no segundo turno e querem revogar a vitória incontestável da Dilma com 51.64% dos votos válidos, ou seja, com uma diferença de três milhões e quinhentos mil votos.
Não sabem que as vitórias de Obama, nos Estados Unidos, e de Hollande, na França, foram conquistadas com menores índices do que aquele obtido pela Dilma.
Lá, porém, onde as democracias são consistentes e definitivas, não há “raecionários” para passar vergonha em passeatas nas ruas ou pedindo intervenção militar nem sugerindo a divisão do país.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

OS BABACAS E SUAS BABAQUICES

Quando escrevi aqui que a internet é um colossal antro de babaquices, falava de inúmeros sites montados por babacas – alguns nem tanto – para que outros incontáveis babacas alojassem suas babaquices. E dava como exemplo o Petição Pública Brasil (aqui) onde babacas colocam as mais incríveis e medíocres petições e abaixo-assinados esperando o apoio de outros babacas cascas-grossas. São petições que nada significam, não levam a nada nem a lugar nenhum.
Há muita babaquice naquele site babaca, inclusive esta feita por uma comunidade babaca de Mangaratiba: Abaixo-assinado Pedido de impeachment do prefeito de Mangaratiba Sr. Evandro Jorge Capixaba por incapacidade de gestão.
Depois disto, Capixaba foi reeleito e continua aí como prefeito.
Lembrei desta postagem porque vejo agora um site oficial do governo americano, originado pela Casa Branca, no qual o presidente Barack Obama pede aos americanos que enviem suas petições e abaixo-assinados para que ele possa conhecer as reivindicações populares e tomar providências.
Brasileiros babacas tomaram conhecimento do site e enviaram uma petição para Barack Obama, em um inglês confuso e cheio de erros, mas passível de entendimento. Em 28 de outubro, um dia após a eleição, mais 124 mil babacas brasileiros pediram a Obama uma intervenção americana no Brasil contra a expansão do comunismo promovido por Dilma Rousseff.

WE PETITION THE OBAMA ADMINISTRATION TO:

Position yourself against the Bolivarian communist expansion in Brazil promoted by the administration of Dilma Rousseff

On 10/26, Dilma Rousseff was reelected, and will continue his party's plan to establish a communist regime in Brazil - the Bolivarian molds propounded by the Foro de São Paulo. We know that in the eyes of the international community, the election was fully democratic, but the ballot boxes used are not reliable, apart from the fact the heads of the judiciary, are mostly members of the winning party. Social policies also influenced the choice of the president, and people were threatened with losing their food allowance if they do not re-elect Dilma. We call a White House position in relation to communist expansion in Latin America. Brazil does not want and will not be a new Venezuela, and the USA that need help the promoters of democracy and freedom in Brazil.
Created: Oct 28, 2014
Se outros babacas quiserem expor suas babaquices é só seguir o link AQUI.
Podem pedir a Obama para retirar o PT do poder e acabar com a corrupção no Brasil, por exemplo. Pois, como disse o babaca do Aécio na campanha: “Você quer acabar com a corrupção? Tire o PT do poder!”

domingo, 2 de novembro de 2014

IPTU EM MANGARATIBA

Folha de São Paulo publica hoje um infográfico com a arrecadação municipal do IPTU, em todo o país.
O estado de São Paulo tem a maior arrecadação por habitante (R$ 272,80), em segundo está o Distrito Federal (com R$ 188,30) e, em terceiro, o estado do Rio de Janeiro (com R$ 172,20).
Entre os municípios do Rio, a maior arrecadação por habitante é Niterói, com R$ 455,39. Um absurdo.
Agora, uma surpresa, em segundo lugar no Rio quem paga o maior IPTU é o morador de Mangaratiba. A arrecadação municipal é de R$ 14 milhões e 710 mil reais. Divididos pelos seus 39.210 habitantes, dá um total de R$ 375,18 por habitante.
Um exagero, só perde para Niterói. O valor é mais elevado que a média de todos os estados brasileiros. É três vezes maior que o valor pago pelo morador de Paraty (R$ 124,09) e quase duas vezes e meia a mais do que paga quem mora em Itaguaí (R$ 153,31).
Sempre achei caro o IPTU de Mangaratiba, mas nunca pensei que fosse tanto.
A média calculada por habitante pela Folha (R$ 375,18) inclui até as crianças. Seria bem maior se calculada pelo número de residências. Eu, por exemplo, paguei exatos R$ 1.453,72, à vista e com desconto, em 2014.