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segunda-feira, 31 de março de 2014

JANGO

Um homem cordial, sincero e pacífico. 
Um ser humano que evitou
o derramamento de sangue no Brasil.
Há 50 anos, este foi o último dia de seu governo.
 Para ser lido por quem quer conhecer o homem, o humanista, e entender as razões do golpe de 1964. São 700 páginas com uma história de suspense cujo final todos conhecem.
 
N.L.: Eu ganhei, li e passei adiante. Espero que quem o recebeu tenha feito o mesmo.

domingo, 30 de março de 2014

O NEGÃO CONTESTA A SUB-VEJA

Em carta à redação da revista Época, o arrogante e prepotente magistrado presta um serviço aos leitores da sub-Veja revelando como é desprezível o jornalismo especulativo e de má-fé praticado pela Globo.
O verdugo, como quase sempre, ressentido e amargo – desta vez, porém, quase polido – contesta a reportagem publicada desmentindo diversas afirmações da revista.
Fez ele muito bem, mas nunca teve a ousadia de desmentir o que afirmou a Veja – leia AQUI - sobre a acusação de agredir a própria esposa. Um ato condenável do ditador supremo, o déspota, o porra-louca exibicionista, casca-grossa e fora-da-lei, o tresloucado tirano, que a levou a apresentar queixa numa delegacia de Brasília.
Veja afirmou que “Muitos anos atrás, quando ainda morava em Brasília, ele estava se separando de sua então mulher, Marileuza, e o casal disputava a guarda do único filho – Felipe, hoje com 18 anos. Na ocasião, Barbosa descontrolou-se e agrediu fisicamente sua mulher, que chegou a registrar queixa na delegacia mais próxima”.
Veja ainda acrescentou: “A ministra Ellen Gracie, a única mulher da corte, no intervalo entre uma sessão e outra, mostrou-se preocupada. "Vai vir para cá um espancador de mulher?", perguntou ao colega Carlos Velloso. "Foi uma separação traumática", conciliou Velloso. "Mas existe alguma separação que não é traumática?", interveio o ministro Gilmar Mendes. Para desanuviar o ambiente, o ministro Nelson Jobim saiu-se com uma brincadeira machista, a pretexto de justificar a agressão: "A mulher era dele".
Isto, porém, o herói daquele que se reconhece imbecil não contestou nem desmentiu como fez na carta abaixo.

“Sr. Diretor de Redação,

A matéria "Não serei candidato a presidente" divulgada na edição nº 823 dessa revista traz em si um grave desvio da ética jornalística. Refiro-me a artifícios e subterfúgios utilizados pelo repórter, que solicitou à Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal para ser recebido por mim apenas para cumprimentos e apresentação. Recebi-o por pouco mais de dez minutos e com ele não conversei nada além de trivialidades, já que o objetivo estabelecido, de comum acordo, não era a concessão de uma entrevista. Era uma visita de cunho institucional do Diretor da Sucursal de Brasília da Revista Época. Fora o condenável método de abordagem, o texto é repleto de erros factuais, construções imaginárias e preconceituosas, além de sérias acusações contra a minha pessoa.
A matéria é quase toda construída em torno de um crasso erro factual. O texto afirma que conheci o ministro Celso de Mello na década de 90, e que este último teria escrito o prefácio do meu livro "Ação Afirmativa e princípio Constitucional da Igualdade". Conheci o ministro Celso de Mello em 2003, ano em que ingressei no STF. Não é dele o prefácio da obra que publiquei em 2001, mas sim do já falecido professor de direito internacional Celso Duvivier de Albuquerque Melo,que de fato conheci nos anos 90 e foi meu colega no Departamento de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mais grave, porém, é a acusação de que teria manipulado uma votação, impedindo deliberadamente que um ministro do STF se manifestasse. O objetivo seria submeter o ministro a pressões da "mídia" e de "populares". Isso não é verdade. Ofensiva para qualquer cidadão, a afirmação ganha contornos ainda mais graves quando associada ao Chefe do Poder Judiciário. Portanto, antes de publicar informação dessa natureza, o repórter tinha a obrigação de tentar ouvir-me sobre o assunto, o que pouparia a revista de publicar informação incorreta sobre minha atuação à frente da Corte.
No campo pessoal, as inverdades narradas na matéria são ainda mais ofensivas e revelam total desconhecimento sobre a minha biografia. Minha mãe nunca foi faxineira. Ela sempre trabalhou no lar, tendo se dedicado especialmente ao cuidado e à educação dos filhos. O texto, que me classifica como taciturno, áspero, grosseiro, não apresenta fundamentos para essas afirmações que, além de deselegantes, refletem apenas a visão distorcida e preconceituosa do repórter. O autor da matéria não apresenta elementos que sustentem os adjetivos gratuitos que utiliza.
Também desrespeitosa é a menção aos meus problemas de saúde. Ao afirmar que a dor causou "angústia e raiva", o jornalista traçou um perfil psicológico sem apresentar os elementos que lhe permitiram avaliar o impacto de um problema de saúde em uma pessoa com a qual ele nunca havia sequer conversado.
Outra falha do texto é a referência à teoria do "domínio do fato". Em nenhum momento a teoria foi evocada por mim para justificar a condenação dos réus no julgamento da Ação Penal 470. Basta uma rápida leitura do meu voto para verificar esse fato.
Finalmente, não tenho definição com relação ao momento de minha saída do Supremo e de minha aposentadoria. Muito menos está definido o que farei depois dessa data, embora a matéria tenha afirmado - sem que o jornalista tenha sequer tentado entrevistar-me sobre o tema - que irei dedicar-me ao combate ao racismo. Triste exemplo de jornalismo especulativo e de má-fé.”
Joaquim Barbosa
Presidente do Supremo Tribunal Federal
 
N.L.: O que mais ofendeu aquele que se considera um demiurgo foi a revista dizer que sua mãe era faxineira:No campo pessoal, as inverdades narradas na matéria são ainda mais ofensivas e revelam total desconhecimento sobre a minha biografia. Minha mãe nunca foi faxineira".
E se tivesse sido? Qual o problema? Não teria orgulho de sua mãe?
Poderia ter sido mais respeitoso com as faxineiras. Assim como é o grande craque Conca, cuja mãe continua sendo faxineira de uma escola pública de Buenos Aires porque ela gosta e quer. Mesmo após Conca se tornar milionário, humildemente, ele aceita e se orgulha da mãe faxineira. Um orgulho para todas as faxineiras.



sexta-feira, 28 de março de 2014

NEM O NEGÃO AGUENTA MAIS O GLOBO

O verdugo – super-herói dos inocentes úteis - ficou indignado com a liberdade de expressão dos jornalistas da Globo. Olha só a cara de mau que ele tem.
Representou criminalmente contra Ricardo Noblat – que também não é lá flor que se cheire – ao MPF do Rio de Janeiro. Acusou o jornalista de racismo, difamação e injúria.
O MPF – submetido ao poder do tirano casca-grossa – aceitou a denúncia cujos crimes incluídos podem somar até dez anos de prisão. E considerou  "manifestamente racista e ofensivo à honra funcional do ministro" o artigo publicado sob o título "Joaquim Barbosa: Fora do Eixo".
A procuradora Lilian Guilhon Dore aponta a razão dos crimes no seguinte trecho do artigo "Para entender melhor Joaquim, acrescenta-se a cor - sua cor. Há negros que padecem do complexo de inferioridade. Outros assumem uma postura radicalmente oposta para enfrentar a discriminação”. Depois ela comenta que "Para o denunciado só existem dois tipos de negros, os que padecem do complexo de inferioridade e os autoritários".
(N.L.: Mentira! Ele não disse isto. Ou a procuradora é uma analfabeta funcional ou apenas quis agradar o negão?)
E, conclui que: "Assim sendo, a ação do denunciado, conscientemente voltada à incitação pública à discriminação racial e ao preconceito contra os negros em geral e contra o ofendido em particular, é manifestamente dolosa e merece ser severamente punida".
(N.L.: Incitação à discriminação, preconceito contra todos os negros em geral? Pô! Menos, procuradora, menos.)
Para a procuradora, o crime é agravado pelo fato de o artigo estar disponível na internet e ter sido publicado em um jornal de grande circulação: "Tal postura, inclusive, prejudica a imagem do Poder Judiciário dentro da nossa democracia".
Ora, meu Deus, o que mais pode prejudicar a imagem do Poder Judiciário depois que o mensalão tucano – a origem de tudo - foi encaminhado para instância inferior? Ora, dona procuradora, como Noblat perguntou em seu artigo abaixo, quem podendo se aproximar de um juiz e conquistar-lhe a simpatia, prefere se distanciar dele?

Joaquim Barbosa: Fora do Eixo

Quem o ministro Joaquim Barbosa pensa que é?
Que poderes acredita dispor só por estar sentado na cadeira de presidente do Supremo Tribunal Federal?
Imagina que o país lhe será grato para sempre pelo modo como procedeu no Caso do Mensalão?
Ora, se foi honesto e agiu orientado unicamente por sua consciência, nada mais fez do que deveria. A maioria dos brasileiros o admira por isso. Mas é só, ministro.
Em geral, admiração costuma ser um sentimento de vida curta. Apaga-se com a passagem do tempo.
Mas enquanto sobrevive não autoriza ninguém a tratar mal seus semelhantes, a debochar deles, a humilhá-los, a agir como se a efêmera superioridade que o cargo lhe confere não fosse de fato efêmera. E não decorresse tão somente do cargo que se ocupa por obra e graça do sistema de revezamento.
Joaquim preside a mais alta corte de justiça do país porque chegara sua hora de presidi-la. Porque antes dele outros dos atuais ministros a presidiram. E porque depois dele outros tantos a presidirão.
O mandato é de dois anos. No momento em que uma estrela do mundo jurídico é nomeada ministro de tribunal superior, passa a ter suas virtudes e conhecimentos exaltados para muito além da conta. Ou do razoável.
Compreensível, pois não.
Quem podendo se aproximar de um juiz e conquistar-lhe a simpatia, prefere se distanciar dele?
Por mais inocente que seja quem não receia ser alvo um dia de uma falsa acusação? Ao fim e ao cabo, quem não teme o que emana da autoridade da toga?
Joaquim faz questão de exercê-la na fronteira do autoritarismo. E por causa disso, vez por outra derrapa e ultrapassa a fronteira, provocando barulho.
Não é uma questão de maus modos. Ou da educação que o berço lhe negou, pois não lhe negou. No caso dele, tem a ver com o entendimento jurássico de que para fazer justiça não se pode fazer qualquer concessão à afabilidade.
Para entender melhor Joaquim acrescente-se a cor – sua cor. Há negros que padecem do complexo de inferioridade. Outros assumem uma postura radicalmente oposta para enfrentar a discriminação.
Joaquim é assim se lhe parece. Sua promoção a ministro do STF em nada serviu para suavizar-lhe a soberba. Pelo contrário.
Joaquim foi descoberto por um caça talentos de Lula, incumbido de caçar um jurista talentoso e... negro.
“Jurista é pessoa versada nas ciências jurídicas, com grande conhecimento de assuntos de direito”, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
Falta a Joaquim “grande conhecimento de assuntos de direito”, atesta a opinião quase unânime de juristas de primeira linha que preferem não se identificar. Mas ele é negro.
Havia poucos negros que atendessem às exigências requeridas para vestir a toga de maior prestígio. E entre eles, disparado, Joaquim era o que tinha o melhor currículo.
Não entrou no STF enganado. E não se incomodou por ter entrado como entrou.
Quando Lula bateu o martelo em torno do nome dele, falou meio de brincadeira, meio a sério: “Não vá sair por aí dizendo que deve sua promoção aos seus vastos conhecimentos. Você deve à sua cor”.
Joaquim não se sentiu ofendido. Orgulha-se de sua cor. E sentia-se apto a cumprir a nova função. Não faz um tipo ao destacar-se por sua independência. É um ministro independente. Ninguém ousa cabalar seu voto.
Que não perca a vida por excesso de elegância. (Esse perigo ele não corre.) Mas que também não ponha a perder tudo o que conseguiu até aqui.
Julgue e deixe os outros julgarem.”

N.L.: Amanhã ou depois tem mais negão casca-grossa.

quarta-feira, 26 de março de 2014

CARLOS ZÉFIRO

Alcides de Aguiar Caminha (1921-1991) foi um servidor público federal, casado, cinco filhos, morador de Anchieta, que compôs um dos mais belos versos da MPB para a melodia de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito.

Tira o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor.

Todos conhecem a composição imortal A Flor e o Espinho, que tem mais de sessenta anos, e foi gravada por inúmeras cantoras. Talvez, alguns poucos conheçam seu outro grande sucesso - Notícia - gravado por Roberto Silva que pode ser ouvido abaixo.
Além de poeta e compositor, Alcides Caminha era a identidade secreta de Carlos Zéfiro, o grande professor de educação sexual nas décadas de 50, 60 e 70. O famoso escritor que povoou os sonhos eróticos da minha e, talvez, também da sua puberdade.
Carlos Zéfiro foi um romântico pornográfico com seus “catecismos”, livretos de 16 a 32 páginas com sexo explícito, que ele ilustrava e escrevia, vendidos em todo o país e que o ajudavam a manter a família. "Queria construir minha casa própria e colocar meus filhos na escola", disse ele certa vez.
Viveu incógnito por mais de quarenta anos para não perder o emprego no Ministério do Trabalho. Temia a lei que previa a demissão e a suspensão da aposentadoria de funcionários públicos envolvidos em escândalos.
Dono de uma das mais criativas e censuradas carreiras literárias no país, Zéfiro foi autor de mais de 600 revistas erótico-pornográficas, algumas com tiragem de 30 mil exemplares, produzidas de forma artesanal, vendidas dissimuladamente pelos jornaleiros e lidas em segredo, com fervor incontido, pela garotada onanista que as colecionavam e as passavam de mão em mão. Mãos, diziam pais e mães, onde podiam crescer pêlos, enquanto os religiosos afirmavam ser pecado.
Na década de setenta, para tristeza de seus leitores, após o episódio em que sofreu uma rigorosa revista policial, Zéfiro parou com sua literatura. Além disso, um general de Brasí­lia se indignou com as revisti­nhas e mandou investigar. Chegou até Hélio Brandão, o respon­sável pela edição das revistas. Hélio jamais revelou que Carlos Zéfiro era um pacato funcionário público federal. Após reinar no terreno fértil da sacanagem em plena ditadura militar, Alcides acabou desistindo do Zéfiro.
Toda uma geração descobriu o sexo através de Carlos Zéfiro, cujo texto e desenho a bico de pena possuía uma sexualidade inerente. Embora singelos e limitados, os desenhos mostravam mulheres bonitas e perfeitas que deixavam os garotos cheios de tesão. Olhando seus desenhos hoje, vejo que o único defeito delas eram os pentelhos. Mas, isto era normal naquela época. A sua crônica da vida privada retratava a realidade reprimida da sociedade suburbana carioca com empregadas domésticas, donas de casa, secretárias, professoras, solteiras e casadas, viúvas sedentas, desquitadas carentes, políticos corruptos e devassos, freiras pecaminosas. Todas as mulheres lascivas foram representadas em sua obra - para mim uma obra de arte - sempre com muita paixão e romantismo. Tinha muito a ver com Nelson Rodrigues que alguns pensavam ser o autor secreto dos “catecismos”, mas Zéfiro foi um artista com um estilo inconfundível que não chegou a conhecer o alcance de sua obra.
Alcides Caminha foi identificado em 1991 pela revista Playboy. Um homem modesto e humilde que somente se revelou devido a pressão de seus filhos.
Ganhou algum dinheiro, deu entrevista até no Jô Soares. Foi premiado com o Troféu HQ Mix pela importância de sua obra na Bienal de Quadrinhos.
O nobre educador deixou este mundo em 5 de julho de 1992, menos de um ano após ter sua identidade revelada.
Marisa Monte usou a arte do mestre na capa de seu álbum “Barulhinho Bom”, de 1997 e a MTV até criou uma vinheta totalmente inspirada nos “catecismos”.
Em 1999, em Anchieta, foi inaugurada a Lona Cultural Carlos Zéfiro, com show de Marisa Monte.
Em Janeiro de 2011, os trabalhos de Zéfiro foram expostos ao lado de outros quadrinhos eróticos de todo o mundo no Museu do Sexo, em Nova York. Hoje, Zéfiro é motivo de monografias e pesquisa de mestrado em faculdades, e tem vários artigos publicados na imprensa. Já foi motivo de peça de teatro e há um filme exlusivo sobre ele. Veja o filme AQUI.
Diversos autores já escreveram livros sobre Carlos Zéfiro que faz parte importante da história cultural do país. O antropólogo Roberto da Matta escreveu textos analisando seus quadrinhos e já se declarou fã dos “catecismos”.
A sem-vergonhice de um homem de família deixou muitas marcas na cultura nacional. Está por merecer uma homenagem da Academia Brasileira de Letras, cujos membros certamente foram também onanistas e devem ter saciado sua púbere excitação sexual com aqueles românticos “catecismos”.


N.L.: Veja o “catecismo” intitulado A Filha da Lavadeira AQUI.

terça-feira, 25 de março de 2014

OS PECADOS DA IMPRENSA

Há quem não goste quando eu digo que a imprensa é vira-lata, sórdida, cínica, demagógica, mercenária e corrupta – principalmente a Veja, O Globo, Folha e Estadão – mas não estou só. Ganhei a companhia de uma autoridade mundial por todos admirada: o Papa Francisco.
Vejam o que ele afirmou em seu discurso no sábado passado que somente o Jornal do Brasil repercutiu.
“Papa Francisco critica 'pecados' da imprensa

O papa Francisco fez neste sábado (22) um duro discurso voltado à mídia, a quem acusou de promover desinformação, calúnia e difamação. Em uma audiência para as rádios e televisões católicas da rede Corallo, o Pontífice pediu para a imprensa fugir desses "pecados" e dar mais importância a "temas importantes" para a vida das pessoas, da família e da sociedade.
"Hoje o clima midiático tem suas formas de envenenamento. As pessoas sabem, percebem, mas infelizmente se acostumam a respirar da rádio e da televisão um ar sujo, que não faz bem. É preciso fazer circular um ar mais limpo. Para mim, os maiores pecados são aqueles que vão na estrada da mentira, e são três: a desinformação, a calúnia e a difamação", declarou Francisco.
Para o papa, o primeiro é o mais perigoso de todos, por fazer com que os meios de comunicação não passem as informações completas para a sociedade. "A desinformação é dizer as coisas pela metade, aquilo que é mais conveniente. Assim, aquele que vê televisão ou ouve rádio não pode ter uma opinião porque não possui os elementos necessários", acrescentou.
Segundo o pontífice, é preciso tratar de temas importantes para todos, mas com uma "sincera paixão pelo bem comum e pela verdade", sem cair no sensacionalismo. "Nos grandes meios esses assuntos são frequentemente afrontados sem o devido respeito pelas pessoas e valores em questão", completou.

Estou muito bem acompanhado na crítica à imprensa.

domingo, 23 de março de 2014

AS MALOGRADAS MARCHAS A RÉ

Foi retumbante o fracasso dos alienados e paranóicos que promoveram as marchas contra o golpe comunista previsto pelos milicos e seus asseclas.
Ninguém mais acredita nisso depois que o comunismo acabou, desde 1985, quando Gorbachev implantou a Perestroika e desmembrou a União Soviética. Hoje, existe apenas um único país comunista, a Coréia do Norte.
Comunistas, conheci vários e, hoje, conheço apenas um, o meu amigo Wladmir Mutt lá de Bangu, partidário do nanico PCB que já foi cobra e, hoje, é uma lombriga contra o Lula e a Dilma. Como implantar um golpe comunista se os próprios comunistas são contra o governo?
Voltemos às marchas. No Rio, apenas 150 lunáticos – diz o Globo - saíram da Candelária e terminaram a caminhada no Ministério da Guerra. Deviam ter feito o trajeto caminhando de costas. Seria bem simbólica a marcha a ré.
Em São Paulo, a Folha falou em 800 participantes a favor da ditadura e 800 contra a volta da tortura. Na foto, a marcha contra os fascistas verde-oliva.
Sobre as marchas a ré em várias capitais, o Estadão assim descreveu o fracasso:
“A tentativa de se reeditar em São Paulo a histórica Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu meio milhão de pessoas em 19 de março de 1964 e antecipou o golpe militar, não teve sucesso. Segundo cálculo da Polícia Militar, em seu momento de maior concentração, a marcha reuniu 700 pessoas. No trajeto entre a Praça da República e a Catedral da Sé, no centro da cidade, uma grande faixa verde e amarela, que pedia "intervenção militar", abriu a marcha.
Manifestações semelhantes realizadas em outras capitais do País tiveram adesão muito menor.
No Rio, a marcha reuniu 150 pessoas. Elas quase entraram em conflito com um grupo de outras 50 que se manifestavam contra o golpe de 1964. A PM conseguiu evitar o conflito estabelecendo um cordão de isolamento entre os grupos.
Em Brasília, Fortaleza e Campinas, manifestações ocorridas nas proximidades de unidades do Exército não reuniram mais que 40 pessoas em cada uma. Em Recife, o ato programado para lembrar o golpe, no centro da cidade, teve 25 simpatizantes.
Contramarcha. Em São Paulo foi realizada no mesmo horário a Marcha Antifascista, que reuniu 800 pessoas na Praça da Sé. Da praça os manifestantes seguiram até a antiga sede do Dops, um dos mais ativos centro de tortura de presos políticos na ditadura, hoje transformado em Memorial da Ditadura, no Largo General Osório.”

N.L.: Estou feliz com a vergonha e a frustração dos gorilas. E de seus desprezíveis filhos e  dondocas.

sexta-feira, 21 de março de 2014

A PARANÓICA MARCHA A RÉ

Aquela ínfima minoria ruidosa continua fazendo das suas com o apoio da imprensa cínica, demagógica, corrupta e mercenária. Programou uma paranóica marcha a ré para amanhã contra o golpe comunista previsto pelos milicos para depois da Copa.
Será um arremedo ridículo da “Marcha da família com Deus pela Liberdade” que ajudou a destituir o Presidente João Goulart, em 1964.
Desta vez, não terá o apoio dos partidos nanicos – Psol, PCB, PSTU - que ajudam a vandalizar as cidades, mas pretende conclamar os militares a tomar o poder constituído, fechar a Câmara e os partidos e acabar com a corrupção.
A patética “Marcha da família com Deus” – este é o novo nome da marcha a ré – que, na verdade, quer acabar com a democracia e implantar uma nova ditadura, bem que podia deixar Deus fora desse absurdo.
Devia chamar-se “Marcha a ré da família militar”. Com as histéricas dondocas à frente clamando pela tortura contra as domésticas que não podem mais ser por elas escravizadas. Ou, então, clamar pela volta da escravidão e contra o pleno emprego.
Para elas e seus senhores de verde-oliva, retirar milhões da pobreza extrema é comunismo. Incluir milhões nas classes B e C é comunismo. Distribuir riqueza é comunismo. Combater a sonegação é comunismo.
Para os que vão marchar a ré, comunismo é tudo que venha a favorecer os mais carentes. Crescimento com inflação controlada e pleno emprego é comunismo. Aumento real do salário-mínimo é comunismo. O Bolsa Família, as cotas para negros e pobres em faculdades, tudo isso é comunismo. Prouni, Enem, SISU, Sisutec, Fies, são siglas comunistas. Justiça social é comunismo.
Absoluta liberdade de expressão e de manifestação é comunismo.
São todos eles originários de uma burguesia nefasta e fascista formada por torturadores canalhas saudosos da tirania militar que criaram filhos tão desprezíveis quanto eles próprios.
Quem viveu o holocausto militar não quer voltar pra lá.
Não quero saber desse passado. Te esconjuro. Lá tem ditadura, amargura, linha-dura, deduragem, a vida é escura, tem tortura, impostura de general-presidente.

Voltar é loucura. E, naquele tempo, eu era duro. Prefiro viver no futuro. Ou mesmo, aqui, no presente.

N.L.: Ilustra esta postagem a Casa da Morte, localizada em Petrópolis, onde tantos foram torturados e assassinados por não concordar com a tirania militar. Quem o diz é o coronel reformado Paulo Malhães, 76 anos, em depoimento à Comissão Estadual da Verdade. Leia AQUI.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A PALAVRA DE DEUS

Segundo Baruch Spinoza. Já ouviu falar dele? Foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada filosofia moderna. Nasceu em Amsterdã, em uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.
Eu sou apenas um discípulo seu, assim como Saramago que afirmou ser a Bíblia o Livro dos Disparates.
Como simples blogueiro, jamais poderia fazer uma crítica tão perversa ao livro mais lido e respeitado no mundo em todas as eras como fez o Nobel de Literatura. Ele, porém, foi um ateu. Eu sou apenas um quase ateu, graças a Deus.
Filósofo e profundo estudioso da Biblia, Spinoza viria a se tornar um dos maiores pensadores racionalistas do século XVII.
Ao estudar teologia, Baruch – ou Benedictus - começa a criticar alguns princípios religiosos e por conta dos seus escritos é excomungado pelos judeus em 1652. Antes ele já havia sido excomungado, mas os judeus ainda lhe deram uma chance de se redimir e pedir perdão pelos seus pensamentos. No entanto, o filósofo recusou e foi excomungado pela terceira vez. Esta foi uma excomunhão definitiva que o bania completamente das sinagogas e do judaísmo.
Com a excomunhão ele foi proibido de se aproximar das pessoas a menos de 10 passos de distância e ninguém deveria se comunicar com ele, nem beber ou comer ou lavar-se na mesma água em que ele tomou banho. O que o tornou ainda mais solitário e também abandonado por sua família.
Assim Deus falou para Baruch Spinoza:

"Pára de ficar rezando e batendo no peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!
Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.

Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja?
Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato?
Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido? Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações?
Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

Baruch Spinoza (1632, 1677 Haia - Holanda)

quinta-feira, 13 de março de 2014

MANIPULAÇÃO DESCARADA É ISSO


Hoje, O Globo teve duas primeiras páginas. Não sei qual ficou valendo. Uma teve como manchete principal a indenização bilionária à Varig. No canto ao alto à esquerda, afirmava que “PMDB derrota Dilma e ganha mais dois ministérios”.
Vejam bem, O Globo afirmou que o PMDB ganhou mais dois ministérios. Mentira grossa: o PMDB não ganhou ministério nenhum. Mas como sabe que seus leitores não se interessam pelo corpo da matéria e sim apenas pela chamada, principalmente os leitores em bancas, a maioria deles, deixou lá aquela mentira.
Depois, arrependeu-se, e trocou a primeira página. Afirmando, então, que “PMDB derrota Dilma e terá dois novos ministros”.
Não é mais uma mentira da grossa, mas é outra mentira fantasiada de verdade. Aqui, O Globo não mais fala em dois ministérios, mas sim em dois novos ministros. Muitos vão entender que significa a mesma coisa. Mas, não é,
O que a Dilma fez foi trocar seis por meia dúzia sem atender a nenhuma reivindicação por novos ministérios dos rebeldes goelas-largas do partido .
Angelo Oswaldo de Araujo Santos - presidente do Instituto Brasileiro de Museus -  assume o Ministério do Turismo em substituição ao deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) que vai concorrer à reeleição. E o atual secretário de Política Agrícola, Neri Geller, vai assumir a Agricultura no lugar do deputado Antonio Andrade (PMDB-MG), também candidato à reeleição.
Angelo, ex-prefeito de Ouro Preto pelo PMDB, é uma indicação pessoal da presidenta. Eles são amigos desde a juventude. Geller é indicação do ministro que está deixando a pasta da Agricultura.
As primeiras páginas de O Globo hoje é uma tentativa desavergonhada de minimizar o desgaste sofrido pelo líder de seus sectários na Câmara – Eduardo Cunha - que articula um acordo em favor da Globo e das teles contra o marco civil da internet.

UÓSTÃO, O ADOLESCENTE

O escrivão não sabia escrever Washington. Nem os pais. O nome Uóstão foi motivo de piadas na escola e lhe causou dissabores. Por isso, preferia ser chamado de Ostinho.
Tinha pouco mais de 15 anos, tatuagem no braço e na perna, brincos e piercing no nariz; cabelo moicano ridículo, espichado com gel, macaqueando Neymar,  e aparelho nos dentes comprado em camelô.
Passou quatro anos cursando o ensino médio, sem conseguir sair da segunda série. Leitura, nem pensar. Sempre preferiu o feissibuque e os joguinhos de computador. Pouco falava, apenas um papo furado quando o smarthphone permitia. Aparelho que ele vivia digitando.
Funkeiro, pichador e homofóbico - foi ele quem pichou o bonito portal na entrada de Muriqui - para ele todas as meninas eram cachorras. Ou vadias. Agredia a namorada e se tivesse tido algum futuro pela frente seria processado pela Lei Maria da Penha aí pelos 30 anos.
Não respeitava ninguém, muito menos os pais que nunca lhe impuseram limites e sempre atenderam a todos os seus desejos. Inclusive com dinheiro que ele utilizava pra comprar drogas e Ice.
Ultimamente, gostava de uma nova brincadeira com seus iguais na linha férrea. Com um pé em cada trilho, esperava o trem se aproximar buzinando pra cair fora. Ganhava quem ficasse até o último instante para sair da frente do comboio.
Uóstão, o adolescente, era sempre o vencedor. Pulava fora somente quando o trem chegava a cinco metros de distância.
Um dia, resolveu bater seu próprio recorde e ficou mais um pouco. Perdeu o equilíbrio, caiu.
A composição cortou-o ao meio, bem abaixo das costelas.
Seus pais agora culpam o maquinista e acionam a MRS para conseguir uma indenização. Se conseguirem, será muito pouco.
Uóstão não valia quase nada.

N.L.: Nem tudo é invenção minha, a brincadeira na linha férrea existe de fato em Muriqui.

terça-feira, 11 de março de 2014

UM PENSADOR FORA DA GAIOLA

A CONFRARIA DOS PENSADORES FORA DA GAIOLA é um blog que se propõe a reciclar idéias e conceitos estabelecidos. Existe desde 2009 e tem o Rodrigo Phanardzis Âncora da Luz - blogueiro de Muriqui e um dos comentaristas mais conscientes do meu humilde blog - como um de seus autores.
Fui convidado por ele a participar da Confraria escrevendo dentro da proposta de seus autores que refletem idéias novas e observações profundas sobre determinados temas.
Lisonjeado com o convite, mandei um texto para reflexão sobre um conceito considerado pétreo e reputado como a palavra de Deus.
Fiquei muito honrado com a publicação do texto ontem à noite e o reproduzo a seguir.
Agora, sou também um pensador fora daquela gaiola que mantém a maioria reclusa em conceitos antiquados e ultrapassados.

segunda-feira, 10 de março de 2014

HISTÓRIAS DA BÍBLIA
RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ

 Por Lacerda

A Bíblia conta histórias que até mesmo Deus duvida.
Fugindo da fome, Abraão foi para o Egito com sua linda mulher Sara. Com medo de que os egípcios o matassem para ficar com ela, Abraão pediu-lhe: “Ouve, sei que és uma mulher bela. Quando os egípcios te virem, dirão “é a mulher dele”. E matar-me-ão, e a ti conservarão a vida. Dize, pois, que és minha irmã, peço-te, a fim de que eu seja bem tratado por causa de ti, e salve a minha vida graças a ti” (Gênesis 12, 13-14).
Como Abraão previra, os egípcios notaram a beleza de Sara e foram elogiá-la na presença do Faraó. Acreditando que Sara fosse irmã de Abraão, o Faraó exigiu que ela fosse ao palácio.
“Mercê dela, Abraão foi muito bem tratado, e recebeu ovelhas, bois, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos” (Gênesis 12, 16).
Para o Faraó dar tudo isso em troca de Sara, imaginem como ela era linda. Nem Rebeca – a mulher de Isaac, filho de Abraão – era tão bela quanto Sara. Mas, isto é outra história que conto no final.
Deus infligiu tremendos castigos ao Faraó e a sua casa por ter tomado a mulher de Abraão.
O Faraó, então, repreendeu Abraão: “Por que disseste que era tua irmã, fazendo com que eu a tomasse como mulher? Agora, aqui tens a tua mulher, toma-a e vai-te embora” (Gênesis 12, 19).
Abraão se mandou com tudo o que ganhou na troca. E ainda recebeu a proteção dos homens do Faraó até a sua saída do Egito.
Quanto tempo Sara ficou com o Faraó? Não sabemos. Mas, Abraão, que chegou duro e com fome no Egito, saiu de lá feliz da vida pelo que ganhou com o aluguel da mulher.
A estória se repetiu em Gerar (Gênesis 20, 1-17) com o rei Abimalec. Abraão aplicou o mesmo golpe e ganhou mais ovelhas, bois, escravos e escravas, ficou com Sara e mais mil moedas de prata.
Como Abraão – o patriarca das três grandes religiões monoteístas – poderia mentir assim tão descaradamente?
Ele não mentiu, foi apenas uma meia-verdade, Sara era sua irmã por parte de pai.
Passa o tempo, um tempo bíblico. Abraão já tinha cem anos e Sara noventa quando Deus disse que eles teriam um filho ao qual dariam o nome de Isaac (Gênesis 17, 17-19).
Até aí, Sara era estéril e, por isso, tinha oferecido uma de suas escravas para o marido engravidar. Foi assim que nasceu Ismael, o primeiro filho de Abraão. Este foi expulso de casa por Sara, junto com a mãe, depois que Isaac nasceu.
Isaac foi o filho que Abraão quase degolou e queimou amarrado numa fogueira em holocausto a Deus Que o salvou no último segundo da prorrogação. Depois disso, não sei como a criança conseguiu superar tamanho trauma psicológico. Quase virou churrasco, mas cresceu e chegou a hora de casar.
Abraão mandou seu servo mais competente procurar uma noiva para Isaac (Gênesis 24). Ele partiu e voltou com Rebeca, uma sobrinha-neta de Abraão. “Isaac conduziu Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe, recebeu-a por esposa e amou-a” (Gênesis 24, 67).
Sobreveio novamente a fome e Isaac partiu com Rebeca. Como seu pai, Isaac sempre levava um papo firme com o Todo-Poderoso Que lhe disse para não ir ao Egito. Ficaram, então, em Gerar com a finalidade de falar com Abimalec, rei dos filisteus.
Quando os homens do lugar comentavam sobre Rebeca, Isaac dizia: “É minha irmã”. Se dissesse: “É minha mulher”, eles poderiam matá-lo, pois Rebeca era realmente bela (Gênesis 26, 7). Talvez, Isaac pretendesse aplicar em Abimalec o mesmo golpe aplicado por seu pai e sua mãe.
Abimalec logo estava de olho em Rebeca, mas, como gato escaldado tem medo de água fria, ficou observando os dois através da janela. Um dia, viu Isaac a acariciar Rebeca.
Abimalec chamou Isaac e disse: “Com certeza ela é tua mulher! E por que te atreveste a dizer que é tua irmã? Pouco faltou para que qualquer homem do povo deitasse com a tua mulher e terias, assim, atraído um pecado sobre nós”.
Abimalec, então, editou uma proclamação a todo o povo: “Quem tocar neste homem ou na sua mulher, será morto” (Gênesis 26, 9-11).
Isaac não podia imaginar que tantos anos depois – digamos uns cinquenta anos – Abimalec ainda se lembrasse do golpe dado por seu pai.

OBS: O texto acima foi recebido para publicação aqui na C.P.F.G. via email enviado a mim pelo seu autor, o qual também atua na blogosfera administrando a página Mangaratiba. Quanto à ilustração, trata-se do quadro Conselho de Abraão a Sara do artista francês James Tissot (1836-1902), conforme extraí do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Tissot_Abram%27s_Counsel_to_Sarai.jpg


N.L.: Como diria Ibrahim Sued: sorry periferia.

segunda-feira, 10 de março de 2014

LULA, DILMA E A CORRUPÇÃO

Newton Lima, Deputado federal (PT-SP), doutor em Engenharia Química, ex-prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar, escreveu  AQUI reproduzindo quase que integralmente o que tenho dito neste humilde blog sobre a corrupção endêmica que atinge a todos os setores da sociedade em todo o mundo.
Só não disse que existe uma forma simples para acabar com a corrupção no país como querem os inocentes úteis: bastaria o governo do PT acabar com as investigações. E nunca mais saberíamos de nenhum outro caso de corrupção.

“Combate à corrupção nos governos Lula e Dilma


A União Européia divulgou, no último dia 3, um relatório em que se conclui que todos seus 28 países-membros são afetados pela corrupção, o que provoca perdas de cerca de € 120 bilhões ao ano em contratos governamentais fraudulentos, propinas e outras práticas. Por outro lado, as autoridades chinesas estão preocupadas com o aumento da corrupção no país, cujo regime autoritário jamais logrou acabar com ela. Recentemente, o professor Jason Hickel, da London School of Economics, disse que o problema da evasão fiscal nos países desenvolvidos atinge a espantosa cifra de US$ 1 trilhão, o que é 25 vezes o valor da corrupção (US$ 40 bilhões) nos países em desenvolvimento.
Essas informações mostram que, independente do regime e do país, a corrupção persiste como uma anomalia difícil de ser vencida. O que se pode fazer e está sendo feito é criar mecanismos de controle para inibir ao máximo os malfeitos. O Brasil ampliou e fortaleceu o sistema institucional de defesa do Estado, responsável pela prevenção e pelo combate à corrupção.
As medidas do governo Lula para enfrentar a corrupção tiveram início em 2003, com a criação da Controladoria Geral da União (CGU) e, em 2004, com a criação do Portal da Transparência. Em 2005, foi regulamentado o pregão eletrônico e em 2008 foi criado o Cadastro de Empresas Inidôneas (CEIS). Em 2012 foi aprovada a Lei de Acesso à Informação. E a mais recente lei, que entrou em vigor no final ano passado, define a figura do corruptor e responsabiliza pessoas jurídicas por atos contra a administração pública, punindo-as com multas que podem chegar a até 20% do seu faturamento bruto.
O resultado dessa atuação coordenada é auspicioso. Segundo a CGU, de agosto de 2002 a agosto de 2013, foram punidos 4.421 agentes públicos (demissão, destituição ou cassação de aposentadorias). Empresas privadas, punidas por desvios, chegam a 3.755. Foram analisados 18.667 processos e mais de 14 mil encaminhados ao Tribunal de Contas da União para julgamento. O retorno para o Tesouro Nacional é da ordem de R$ 10 bilhões, o que resultou numa economia efetiva de R$ 297 milhões. Ao todo, foram 129 Operações Especiais em parceria com a Polícia Federal.
Essas operações foram amplamente divulgadas pela imprensa e, por esse motivo, deixou a impressão em alguns de que a corrupção cresceu nos governos do PT. Um mal entendido que precisa ser desfeito. Os casos só apareceram porque os órgãos de fiscalização e controle puderam atuar livremente, sem nenhuma interferência.
O mesmo não acontecia em governos anteriores. As denúncias eram feitas e as investigações não eram realizadas. O ex-presidente FHC, por exemplo, não permitiu investigações do Ministério Público. Nomeou procuradores que engavetavam as denúncias. Não permitiu a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI's), no Congresso Nacional, para apuração de nenhuma das denúncias de casos de corrupção em seu governo, em especial a que dizia respeito à compra de votos para a reeleição.
O Governo de São Paulo, hoje enredado num escândalo de corrupção de grandes proporções, deveria dar o exemplo determinando à sua bancada na Assembleia Legislativa uma rigorosa investigação. Mas parece que não vamos ser contemplados com esse nobre gesto do governador Geraldo Alckmin.
O fato de os governos petistas terem criado as condições necessárias para enfrentar a corrupção e terem garantido autonomia aos órgãos de fiscalização e controle para as ações resultou em aumento vertiginoso de casos investigados. Podemos avançar muito mais se todos os entes da Federação se somarem aos esforços do governo federal, adotando medidas semelhantes, não protegendo as velhas práticas, os velhos esquemas. Até junho de 2013, mais de 600 municípios, o Distrito Federal e quatro Estados (Acre, Sergipe, Tocantins e Rondônia) já haviam aderido ao programa Brasil Transparente.
Quem realmente tem compromisso com o combate à corrupção não pode esconder malfeitos dos seus ao mesmo tempo em que espetaculariza os de seus adversários. A Justiça deve ser feita para todos.”

domingo, 9 de março de 2014

A PRIMEIRA BANDEIRA REPUBLICANA

Acabei de ler 1889 que narra o fim da monarquia e a proclamação da república. É o último livro da trilogia – 1808, 1822 e 1889 – de Laurentino Gomes que fez uma profunda pesquisa sobre a história do Brasil. Li os três livros e os recomendo para quem quer entender o nosso país.
“Brasil República. Bandeira mesma sem coroa.”
Era o que dizia o telegrama datado de 17 de dezembro e enviado do Rio de Janeiro, um mês após a proclamação. O almirante Custódio de Melo, comandante do cruzador Almirante Barroso, que fazia a circunavegação do globo terrestre, recebeu-o no Ceilão, atual Sri Lanka, pouco antes do Natal de 1889.
A mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, a Monarquia, com 67 anos de história, havia sido derrubada por um golpe militar, cedendo lugar à República.
O telegrama, continha instruções oficiais que determinavam: a bandeira continuaria praticamente a mesma com seu retângulo verde sobreposto por um losango amarelo. Desapareceria a coroa imperial que ocupava o centro do losango.
Até aquele momento ninguém sabia ainda o que colocar no lugar da coroa e que a nova bandeira seria entregue quando o navio chegasse à Nápoles, meses mais tarde. Um segundo telegrama dizia que, até lá, o comandante teria que improvisar:
“Ice agora mesma bandeira nacional,
substituindo coroa estrela vermelha.”
Custódio de Melo, então, mandou confeccionar uma estrela vermelha e a costurou sobre a coroa imperial. A primeira bandeira brasileira republicana que circulou pelo mundo ficou assim.
Somente ficou faltando o número 13 ou as letras P e T maiúsculas.

sábado, 8 de março de 2014

HOMENAGEM À MULHER

Genial o logo da Prefeitura de Macaé (PV) em homenagem àquelas que só pensam naquilo.
As periguetes exibidas, as participantes do BBB, as funkeiras promíscuas, as cachorras, as descasadas que sobrevivem no varejo, as mulheres frutas e legumes, aquelas que parecem machos mal acabados formatados em academias, as predadoras libertinas, as vadias ninfomaníacas e insaciáveis, e todas as outras que as têm como modelo de comportamento, certamente estão muito orgulhosas com a homenagem.
Às dotadas de qualidades e sentimentos femininos – mulheres de fato – a minha homenagem vai com um beijo na razão da minha vida, aquela por quem sou um eterno apaixonado.

quarta-feira, 5 de março de 2014

MEU CARNAVAL

Troquei o dia pela noite. Passei o dia dormindo na rede até o foguetório dos blocos me acordar. A noite e a madrugada fiquei aceso pra ver as escolas de samba. Nem vi o carnaval de Muriqui, mas como afirmaram os blogueiros e feissibookólicos anônimos, transcorreu como sempre. Como nos anos anteriores, degradante, sem novidade.
Consegui ver todas as escolas e me encantei com a nova Portela, a única verdadeira escola de samba; enquanto a criança que ainda existe em mim ficou maravilhada com a Ilha. As outras foram quase iguais como nos anos anteriores. Desta vez, não sei quem pode ganhar, mas sei que Portela e Ilha estarão desfilando no sábado das campeães.
Acordado até as cinco e meia da manhã, pude sentir a poluição sonora causada pelos trens da Vale apitando alucinada e desnecessariamente acima de 200 decibéis durante toda a madrugada.
Por violar direitos fundamentais no Brasil e em outros países, provocando danos aos seres humanos e ao meio ambiente, a Vale foi indicada e ganhou o prêmio de pior empresa do mundo.
O prêmio internacional Public Eye Awards é conhecido como o Nobel da vergonha corporativa mundial, e é concedido a empresas com graves passivos sociais e ambientais. O prêmio foi anunciado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em 2012. Leia AQUI.
Entre outras acusações, a Vale está envolvida em trabalho escravo no Brasil.
Os maquinistas dos trens da Vale, por exemplo, me parecem verdadeiros escravos que não têm descanso nem no Natal, nem no Ano Novo. E em todo o carnaval passaram buzinando como loucos durante toda a madrugada em Muriqui.
Assistindo as escolas de samba, ficava me perguntando por que eles exorbitam na buzina perturbando a vida e o sono de Muriqui.
Lembrei, então, do infeliz que empurrou uma mulher na frente do trem do metrô em São Paulo. A mulher está viva, mas perdeu um braço.
Preso, o desgraçado disse que queria se vingar da sociedade, afirmando: “Fizeram mal a mim, e eu descontei em alguém”.
Concluí que os aloprados maquinistas, além de escravos da Vale, são covardes que se sujeitam à escravidão e reagem descontando na população que vive à margem da linha férrea.

N.L.: Ia me esquecendo, vocês não vão acreditar: José Joaquim Madeira foi tema do enredo de escola de samba do quinto e último grupo. A Unidos de Cosmos desfilou entre as escolas do grupo D na Intendente Magalhães com o enredo “Em Mangaratiba tem madeira de lei, um compromisso com todos”. Justificando o enredo, afirmou que Madeira é um cidadão que superou muitas barreiras físicas e sociais e hoje brilha na cidade de Mangaratiba como sinônimo de comprometimento e realização.
Leia AQUI.

segunda-feira, 3 de março de 2014

COMEÇAR DE NOVO


Até a Folha de São Paulo (AQUI) teve que se subjugar à força da razão e publicar hoje o texto abaixo:
"Se o Supremo Tribunal Federal pretende recuperar sua respeitabilidade, só há uma saída: refazer, do começo ao fim, o julgamento do chamado mensalão petista. A admissão, pelo presidente do STF, de que penas foram aumentadas artificialmente em prejuízo dos réus fez transbordar o copo de irregularidades da Ação Penal 470.
Relembrando algumas: a obrigatoriedade de foro privilegiado para acusados com direito a percorrer várias instâncias da Justiça; a adoção do princípio de que todos são culpados até prova em contrário, cerne da teoria do "domínio do fato"; o fatiamento de sentenças conforme conveniências da relatoria. E, talvez a mais espantosa das ilegalidades, a ocultação deliberada de investigações.
A jabuticaba jurídica tem nome e número: inquérito 2474, conduzido paralelamente à investigação que originou a AP 470.
Não é um documento qualquer. Por intermédio dos 78 volumes do inquérito 2474, repleto de laudos oficiais e baseado em investigações da Polícia Federal, réus poderiam rebater argumentos decisivos para sua condenação.
A negativa do acesso ao inquérito foi justificada da seguinte forma: "razões de ordem prática demonstram que a manutenção, nos presente autos, das diligências relativas à continuidade das investigações [...], em relação aos fatos não constantes da denúncia oferecida, pode gerar confusão e ser prejudicial ao regular desenvolvimento das investigações." O autor do despacho, de outubro de 2006, foi ele mesmo, Joaquim Barbosa.
Imagine a situação: o sujeito é acusado de homicídio, o julgamento do réu começa e, durante os trabalhos da corte, antes mesmo de qualquer decisão do júri, a suposta vítima aparece vivinha da silva. "Ah, mas outra investigação afirma que ele estava morto", argumenta o promotor. "Isto vai criar confusão". O julgamento continua. O vivo respira, mas nos autos está morto. E o réu, que não matou ninguém, é condenado por assassinato.
O paralelo parece absurdo, mas absurdo é o que fez o STF. A existência do inquérito 2474 tornou-se pública em 2012, em reportagem desta Folha sobre o caso de um executivo do Banco do Brasil, Cláudio de Castro Vasconcelos.
A conexão com a AP 470 era evidente, pois focava o mesmo Visanet apontado como irrigador do mensalão. O processo havia sido aberto seis anos antes, em 2006, portanto em tempo mais do que hábil para ser examinado.
Nenhum desses fatos é propriamente novidade. Eles ressurgiram em janeiro deste ano, quando o ministro Ricardo Lewandovski liberou a papelada aos advogados de Henrique Pizzolato. Estranhamente, ou convenientemente, o assunto passou quase despercebido.
É hora de acender a luz. O comportamento ao mesmo tempo espalhafatoso e indecoroso do presidente do STF tende a concentrar as atenções no desfecho da AP 470. Neste momento, por razões diversas, pode ser confortável jogar nas costas de Joaquim Barbosa o ônus, ou o bônus, do julgamento. É claro que seu papel é inapagável, mas ele tem razão ao lembrar que o fundamental foi decidido em plenário.
No final das contas, há gente condenada e presa num processo que tem tudo para ser contestado. O país continua sem saber realmente se houve e, se houve, o que foi realmente o chamado mensalão.
Conformar-se, ou não, com o veredicto da inexistência de formação de quadrilha é muito pouco diante das excentricidades jurídicas, para dizer o menos, que cercaram o julgamento e têm orientado a execução das penas.
Embora desperte curiosidade justificada, o que menos importa é o futuro de Barbosa. Quem está na berlinda é o STF como um todo: importa saber se o país possui uma instância jurídica com credibilidade para fazer valer suas decisões."